Ações da Boeing despencam após queda de avião na Índia
Um Boeing 787-8 Dreamliner da Air India, com 242 ageiros, caiu pouco após decolar da cidade de Ahmedabad com destino ao Reino Unido; papéis cedem mais de 5%

As ações da Boeing abriram em forte queda no mercado americano nesta quinta-feira, 12, em reação imediata a mais um acidente envolvendo uma de suas aeronaves. Um Boeing 787-8 Dreamliner da Air India caiu pouco após decolar da cidade de Ahmedabad, no oeste da Índia, com destino ao aeroporto de Gatwick, no Reino Unido. A bordo estavam mais de 240 ageiros. A ação da companhia chegou a cair mais de 8% no pré-mercado antes da abertura de Wall Street. Às 11h30, após a abertura das negociações, os papéis cediam 5%, uma queda de US$ 10 em relação ao dia anterior, com os papéis sendo negociados a US$ 203.
Segundo autoridades locais, o avião caiu em uma área próxima ao aeroporto de origem poucos minutos após deixar o solo. As equipes de resgate ainda trabalham no atendimento das vítimas, entre elas 169 cidadãos indianos, 53 britânicos, um canadense, sete portugueses e doze tripulantes. Os feridos estão sendo levados para hospitais da região em estado grave. Ainda não há confirmação oficial do número de mortos.
O modelo envolvido no acidente, o 787-8 Dreamliner, é uma das aeronaves comerciais mais modernas em operação e, até então, considerada uma vitrine de inovação da fabricante americana. Em nota sucinta, a Boeing afirmou estar “ciente das notícias iniciais” e que colabora com as autoridades para obter mais informações.
O acidente chega em um momento crítico para a companhia, que ainda tenta se recuperar de uma série de escândalos e falhas que mancharam sua reputação nos últimos anos. Em especial, a sucessão de problemas com o 737 Max, modelo envolvido em dois acidentes fatais entre 2018 e 2019 que deixaram 346 mortos, custou à empresa mais de US$ 20 bilhões em multas, indenizações e perda de mercado.
Mais recentemente, a explosão da tampa de uma porta de um 737 Max logo após a decolagem, em janeiro de 2024, voltou a acender alertas sobre a cultura de segurança da empresa. Na esteira do incidente, surgiram mais de uma dúzia de denúncias internas de que peças fora de especificação estariam sendo usadas na produção.
A frustração de clientes e investidores culminou na substituição do CEO em julho do ano ado, quando Dave Calhoun deixou o cargo e foi sucedido interinamente por Stephanie Pope, então diretora de operações. A mudança ocorreu após a empresa registrar um prejuízo operacional de US$ 11,8 bilhões em 2024, um valor cinco vezes maior do que o prejuízo de US$ 2,2 bilhões em 2023, em meio ao aumento da fiscalização sobre segurança e qualidade, que impediu a fabricante de acelerar a produção e retomar a lucratividade.
A situação da Boeing também é agravada por pressões externas. Em abril, o governo da China determinou a suspensão das entregas de jatos da fabricante americana como resposta às tarifas impostas por Donald Trump contra produtos chineses.